Maternidade Romantizada
- ceciliamourtada
- 28 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
Eu entendo tantas mães que usam suas vozes para desromantizar a maternidade. Para cada uma, essa experiência é diferente e, em certo aspecto, semelhante. Entre aquelas que enfrentam turbulências associadas à maternidade, essa identificação é muito importante. Nem todas têm uma rede de apoio, e às vezes, as dificuldades vão além do se sentir sozinha; muitas estão, de fato, sozinhas.
No entanto, acredito que é importante também dar voz à maré contrária. Para algumas, a maternidade é romântica, e, pelo menos para mim, é assim. Já me senti culpada por me sentir tão feliz. Às vezes, as mães felizes também precisam de identificação e conexão, porque uma coisa é certa: o turbilhão de hormônios, sentimentos e emoções, todas sentem.
Eu tive cefaleia pós-raque e, tirando a parte horrível, teve seu lado bom. Durante 10 dias, eu não conseguia pegar minha filha no colo de tanta dor, nem mesmo para amamentar. Então, meu marido pegava-a em seu quarto e colocava-a no meu colo para mamar. Depois disso, fazia o movimento inverso, levando-a de volta ao berço após arrotar. E eu melhorei, mas isso se estendeu até o dia em que decidi parar de amamentar, quando ela tinha 2 anos e 2 meses.
Ela dormia a noite inteira, o período de cólicas foi curto, dormiu no berço desde o primeiro dia, mamava super bem, nunca ficou doente de verdade. Foi tudo muito "fácil". Sobre a amamentação, foi muito tranquilo. Isso não significa que não passei por dificuldades. Em uma época, como eu tinha muito leite, ele começou a empedrar, e tive início de mastite. Tomei remédio e deu tudo certo.
Enfim, eu passei por dificuldades, mas sempre consegui ver o lado bom, e ele ainda permanece na minha memória afetiva. Não sei se passei por menos problemas ou se é uma questão de perspectiva. Só sei que eu amei e quero viver tudo isso de novo em um futuro próximo.
Falei até agora somente do pós-parto, mas a gestação foi sem enjoos e sem complicações. Hoje, vejo que a ignorância é uma bênção, pois eu não sabia de nada da vida e não tinha medo. Deus realmente foi muito bom comigo. Hoje, vejo que algumas vezes me arrisquei como gestante. Não tive inchaço, nenhuma complicação, contração de teste, nem me frustrei por ter sido cesariana, mesmo querendo parto normal.
A primeira grande dor foi um mês após parar de amamentar. A falta daquele vínculo bateu e doeu, e é o que mais sinto falta até hoje. Que delícia o alívio do leite saindo. Eu estava tão feliz com meu corpo exatamente 6 meses após o parto e viveria tudo isso de novo.
É impossível não romantizar tudo isso. Eu sonho, sim, com a próxima gestação.
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